Jacarés da Fazenda Santa Cruz

Jacarés da Fazenda Santa Cruz
A Santa Cruz e seus proprietários Gerson e Rosaura, tiveram importante papel na luta para afastar o jacaré do Pantanal do risco de extinção. Gerson, como Veterinário, desenvolveu técnicas de manejo que possibilitaram a criação de jacarés em cativeiro, repovoando a natureza.

Filhote de Arara Azul

Filhote de Arara Azul
Esse filhote de Arara Azul caiu do ninho e foi encaminhado à Fazenda 23 de março, que cuidará dele até que possa ser novamente devolvido à natureza.

Cavaleiros no alagado

Cavaleiros no alagado
A convivência harmoniosa com a natureza é o pilar pelo qual se ergue o Homem Pantaneiro. Cheias e secas cíclicas fazem parte do modo de vida do Pantanal.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Fazenda Cacimba de Pedra

Chegamos ao Pantanal, na cidade de Aquidauana, em quinze de Janeiro. Testemunhamos lá a maior cheia ocorrida nos últimos dez anos, o Rio que cruza a cidade subiu muito acima de seu nível normal, o que fez com que mais de 150 famílias ribeirinhas ficassem desabrigadas. O fenômeno da cheia é cíclico, no Pantanal, e se intercala com um período de seca, sendo cheia no verão e seca no inverno. Entretanto, o ápice das águas ocorre normalmente no mês de fevereiro, o excesso de chuvas, que atinge, nesse ano de 2010, grande porção de nosso país, adiantou um pouco, bem como intensificou, essa estação, que faz parte da vida do homem pantaneiro.
Chegamos, no dia seguinte, à Fazenda Cacimba de Pedra, que desenvolve várias atividades: criação de gado bovino, criação de jacarés e turismo ecológico. Seus proprietários, o casal Rosaura e Gerson, administram a fazenda de perto, com ajuda dos filhos.
Gerson, que é veterinário, nos mostrou seu rebanho e explicou a filosofia de trabalho da fazenda, que na bovinocultura se ocupa da atividade de cria de bezerros da raça nelore. A intenção é interferir o mínimo na natureza; as matrizes são criadas unicamente a pasto, que tem no braquiarão seu principal capim, e são cobertas em seu primeiro cio, reproduzindo o que ocorreria, caso não existisse interferência humana no manejo dos animais. Grande parte da cobertura vegetal natural foi mantida, convivendo o gado com os animais silvestres pantaneiros, inclusive onças, sendo mais comum nessa região a onça parda. Percebe-se que o pasto sobra, e isso se reflete na saúde dos animais, com peso adequado e ótima aparência.
Na lida diária, a fazenda conta com o experiente Agenor, que coordena o serviço dos peões. O temperamento calmo de Agenor parece ter sido transmitido à tropa e ao gado. A lida é tranqüila, sem rompantes de violência e sem cães. As vacas, ao contrário do esperado numa grande fazenda com criação extensiva de nelores, comportam-se muito bem. Em todos os pastos visitados por nossa equipe o gado prontamente se reuniu em torno de Gerson, atendendo ao seu aboio.
A tropa é constituída, em sua maioria, de cavalos da raça Pantaneira, adaptada, pelo tempo de convívio, aos caprichos do Pantanal. É um animal de porte médio, muito resistente, cujos cascos suportam a convivência diária com o terreno alagado e que consegue cerrar as narinas para buscar o capim embaixo d`água, sem que se afogue. Dentre os costumes dessa região, está incluso a formação da tropa, ou seja, ao comando dos peões os animais perfilam-se um ao lado do outro, facilitando a escolha e captura dos que serão encilhados para o trabalho. Uma operação bonita de se ver.
Gerson foi um dos pioneiros na criação de jacarés, ao que se dedica há mais de vinte anos. No início, pretendia colaborar com a perpetuação do jacaré no Pantanal, pois essa espécie estava ameaçada pela ação dos chamados “coreiros”, que caçavam clandestinamente esse animal em grande escala. Entretanto, produtor vivido que é, sabe e prega que nenhuma criação tem continuidade se não gerar lucro ao criador. Com isso em mente, desenvolveu um programa de manejo que permite maior ganho de peso/ano que a média obtida pela maioria dos criadores, o que lhe valeu uma premiação por mérito científico e permitiu que essa atividade se incorporasse definitivamente ao cotidiano da Fazenda.
Graças à criação comercial, o jacaré está, hoje, longe de entrar para a lista de animais ameaçados de extinção. O que terminou praticamente extinta é a figura do coreiro, engolida pela sadia concorrência dos criadores. Um concreto exemplo de que homem e natureza podem muito bem trabalhar juntos, coisa entendida, há muito tempo, pelo pantaneiro.
O Turismo ecológico vem se firmando como atividade paralela à pecuária em muitas fazendas locais. O Hotel Fazenda Cacimba de Pedra acomoda os visitantes em suítes espaçosas, com ar condicionado (indispensável, em razão do calor pantaneiro), frigo bar e outras comodidades, como piscina, TV, etc. O ponto alto do Hotel, além da monumental natureza, é a cozinha típica. Rosaura a administra com eficiência e paixão, suas receitas tradicionais foram inclusive foco da pesquisa do Chefe de Cozinha Paulo Machado, já noticiada em nosso Blog, que resgatou e registrou a original cozinha pantaneira. No fogão, conta Rosaura com a colaboração de Dona Jajá, cuja história de vida se mistura com a história recente do próprio Pantanal. Nascida no Rio Negro, comandou a cozinha da fazenda da família Rondon, onde foi filmada a novela Pantanal. Pratos como: Jacaré com Urucum e Banana, Macarrão Tropeiro, Arroz Carreteiro e outros ícones regionais são servidos diariamente no Hotel. As sobremesas são um capítulo à parte, constituem-se principalmente de doces caseiros, como: doce-de-leite, doce-de-abóbora e doce-de-manga, todos preparados de forma magistral.
Você pode fazer uma visita virtual à fazenda acessando o link abaixo:
www.cacimbadepedra.com.br
Nossa equipe agradece imensamente a atenção de Rosaura e Gerson, duas pessoas apaixonadas pela cultura de seu povo, que muito nos ajudaram na produção dessa etapa de Brasil Boiadeiro.
Da Fazenda Cacimba de Pedra seguimos para a Fazenda Santa Cruz, o que será tema do próximo texto desse Blog.

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