Durante nossa expedição à região sul, para registro da cultura gaúcha, fomos recebidos em Vacaria-RS na Estância de Tio Sena, uma pessoa muito ligada às tradições de seu povo, que cultivava no cotidiano de sua Estância.
Pudemos curtir juntos um churrasco de ovelha, regado a chimarrão e cachaça, ao som da musica tradicional gaúcha.
Nessa semana recebemos a triste notícia do falecimento de Tio Sena, a quem aqui prestamos nossa homenagem.
Conheça o projeto Brasil Boiadeiro. Através desse Blog você poderá falar diretamente com os documentaristas que estão trabalhando na preservação da cultura do homem do campo brasileiro.
Jacarés da Fazenda Santa Cruz
Filhote de Arara Azul
Cavaleiros no alagado
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Brasil Boiadeiro na Revista da ABCZ
A ABCZ - Associação Brasileira de Criadores de Zebu publicou matéria sobre nosso projeto em sua revista desse bimestre. Fomos entrevistados pela jornalista Laura Pimenta, após contato feito na exposição que fizemos na FEICORTE.
A ABCZ representa os criadores de gado Zebu, introduzido no país a partir do final do século XIX. Em razão de sua perfeita adaptação às nossas condições climáticas possibilitou importante impulso na pecuária nacional. A genética do Zebu está presente em cerca de 80% do rebanho nacional, o que faz com que essa entidade seja das mais importantes no cenário do agronegócio brasileiro.
Agradecemos a atenção de Laura Pimenta e do Sr. João Gilberto Bento, Superintendente de Marketing da ABCZ, pelo apoio e divulgação de nosso trabalho e consequente valorização da cultura popular do homem do campo brasileiro.
Em breve publicaremos aqui alguns trechos dessa matéria.
A ABCZ representa os criadores de gado Zebu, introduzido no país a partir do final do século XIX. Em razão de sua perfeita adaptação às nossas condições climáticas possibilitou importante impulso na pecuária nacional. A genética do Zebu está presente em cerca de 80% do rebanho nacional, o que faz com que essa entidade seja das mais importantes no cenário do agronegócio brasileiro.
Agradecemos a atenção de Laura Pimenta e do Sr. João Gilberto Bento, Superintendente de Marketing da ABCZ, pelo apoio e divulgação de nosso trabalho e consequente valorização da cultura popular do homem do campo brasileiro.
Em breve publicaremos aqui alguns trechos dessa matéria.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Brasil Boiadeiro na Feicorte.
Entre 15 e 18 de junho, acontecerá em São Paulo, no Centro de Exposições Imigrantes, a Feicorte. Em 18 de junho apresentaremos uma mostra prévia de fotografias de Brasil Boiadeiro no Stand de nosso patrocinador, a Merial - Saúde Animal.
A entrada é franca e convido a todos os que nos acompanham nesse Blog a visitar a Feicorte e nossa mostra. Estarei na feira no dia 18, entre 10:00 e 20:00 horas.
Agradeço a Merial mais essa oportunidade que nos faculta levar imagens do documentário diretamente ao público cuja cultura é foco deste trabalho.
Muito obrigado.
Francisco Pinto
A entrada é franca e convido a todos os que nos acompanham nesse Blog a visitar a Feicorte e nossa mostra. Estarei na feira no dia 18, entre 10:00 e 20:00 horas.
Agradeço a Merial mais essa oportunidade que nos faculta levar imagens do documentário diretamente ao público cuja cultura é foco deste trabalho.
Muito obrigado.
Francisco Pinto
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Algumas P&B
Seguem algumas fotos em P&B feitas em Mato Grosso do Sul. Em breve faremos alterações no site do projeto, incluindo essa nova fase de expedições.
quinta-feira, 11 de março de 2010
O Pantanal Brasileiro
O explorador espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca foi o primeiro europeu a chegar ao nosso Pantanal, ainda no século XVI. Pelo tratado de Tordesilhas essas terras pertenciam à Espanha àquela época. O objetivo dessas primeiras expedições era de procurar ouro, prata e pedras preciosas. Não encontrando ali o que buscavam seguiram para outras terras e não estabeleceram algum tipo de colonização neste local, que chamaram de Mar de Xaraés, por ali haver água em abundância e predominar a etnia indígena Xaraye.
Não somente erraram os espanhóis em chamar de Mar esse pedaço de terra, mas também nós em denomina-lo Pantanal, pois não existe neste local um bioma de pântano, mas sim uma planície alagável. O fato é que o nome Pantanal pegou e hoje se orgulham os que lá nasceram de serem pantaneiros.
Tivessem seguido os espanhóis um pouco mais adiante, até o local onde hoje existe a cidade de Cuiabá, teriam encontrado, em abundância, o ouro que tanto buscavam, mas essa descoberta aconteceria somente quase dois séculos mais tarde, e os felizardos a o descobrirem foram os Bandeirantes paulistas. Já comentei em outro artigo* nesse Blog sobre o avanço dos paulistas na época das grandes descobertas de minério no Brasil, eles trouxeram consigo uma cultura própria, que seria mais tarde chamada caipira**. O fato é que, terminada a produção de ouro, este povo se fixou nos locais que haviam desbravado, tornando-os possessão da coroa Portuguesa e, mais tarde, em território Brasileiro.
Esses paulistas, tornados cuiabanos, foram seguindo a expansão do gado que criavam e, aos poucos, ocupando o Pantanal. A década de 1840 marcou a chegada de diversas famílias, de ancestralidade paulista, no pantanal sul, região que foi foco de nossa expedição.
A criação de gado bovino era a principal atividade das fazendas, o boi e seus boiadeiros ajudaram a moldar a identidade cultural desse novo brasileiro que nascia. As fronteiras próximas da Bolívia e Paraguai também foram grandes influências nessa cultura, a música paraguaia, por exemplo, com suas polcas, danças e chamames é hoje parte do cotidiano deste povo, assim como a faixa que este ostentam na cintura é feita, normalmente, no Paraguai. A influencia não somente cultural mas também genética da Matriz Antropológica Indígena é evidente e percebida aos olhos nos traços típicos do rosto pantaneiro.
Correntes migratórias internas trouxeram para Mato Grosso do Sul brasileiros de diversas origens, desde gaúchos, vindos ainda no século XIX, até nordestinos, chegados principalmente na década de 1940. Existiram ainda imigrações de europeus, japoneses, libaneses e outros, mas esses chegados tardios, brasileiros ou estrangeiros, já encontraram a cultura e costumes populares estabelecidos, predominando o comportamento e modo de vida local, restou-lhes adaptarem-se ao ambiente.
São costumes marcantes destes homens: o Tereré***, tomado bem gelado nas rodas de amigos; o churrasco assado em lenha de angico, onde é presente um tipo de carne parcialmente seca, chamada carne oreada e a linguiça maracajú****; as provas de laço aos finais de semana; o uso do chapéu de palha de carandá, bombachas, faixa colorida na cintura e jogo de facas colocadas às costas, como indumentária para a lida campeira. É um povo alegre, educado, orgulhoso de seus costumes e, antes de tudo, forte. Enfrenta as forças da natureza, como seca e cheia, tornando-as suas aliadas.
As adversidades naturais deixaram o homem pantaneiro isolado das comodidades modernas por muito tempo, muitas das fazenda que visitamos, a maioria, recebeu a energia elétrica há dez anos apenas, ou seja, já no século XXI. As estradas de acesso também tornaram-se livres das interrupções pelo alagamento nesta mesma época. Antes, apenas os rios e os aviões eram o meio de transporte.
Ouvi de João Júlio, um típico homem pantaneiro, um dito popular, pelo qual muitos desta terra se pautam: “quem guarda o que não presta mais tem sempre o que precisa”. A distancia dos grandes centros e dificuldade de locomoção ensinou-os a usar com parcimônia os recursos disponíveis.
Essas circunstâncias naturais e culturais terminaram por criar uma verdadeira simbiose entre homem e natureza. O pantaneiro desfruta da natureza, tirando dela seu sustento, respeitando-a e preservando-a. Um verdadeiro exemplo de vida para todos nós. Essa hoje tão falada sustentabilidade foi, desde sempre, o pilar pelo qual se ergue esse grande homem brasileiro.
* Fato comentado no artigo Paulistânia Caipira.
** Caipira - palavra de origem indígena que significa: aquele que mora longe.
*** Tereré é uma bebida gelada com erva mate. É usual a erva mate do tereré vir composta com menta e boldo. Esta bebida é também parte da cultura paraguaia.
**** A linguiça maracajú é feita com carne de porco e assada ainda fresca.
Não somente erraram os espanhóis em chamar de Mar esse pedaço de terra, mas também nós em denomina-lo Pantanal, pois não existe neste local um bioma de pântano, mas sim uma planície alagável. O fato é que o nome Pantanal pegou e hoje se orgulham os que lá nasceram de serem pantaneiros.
Tivessem seguido os espanhóis um pouco mais adiante, até o local onde hoje existe a cidade de Cuiabá, teriam encontrado, em abundância, o ouro que tanto buscavam, mas essa descoberta aconteceria somente quase dois séculos mais tarde, e os felizardos a o descobrirem foram os Bandeirantes paulistas. Já comentei em outro artigo* nesse Blog sobre o avanço dos paulistas na época das grandes descobertas de minério no Brasil, eles trouxeram consigo uma cultura própria, que seria mais tarde chamada caipira**. O fato é que, terminada a produção de ouro, este povo se fixou nos locais que haviam desbravado, tornando-os possessão da coroa Portuguesa e, mais tarde, em território Brasileiro.
Esses paulistas, tornados cuiabanos, foram seguindo a expansão do gado que criavam e, aos poucos, ocupando o Pantanal. A década de 1840 marcou a chegada de diversas famílias, de ancestralidade paulista, no pantanal sul, região que foi foco de nossa expedição.
A criação de gado bovino era a principal atividade das fazendas, o boi e seus boiadeiros ajudaram a moldar a identidade cultural desse novo brasileiro que nascia. As fronteiras próximas da Bolívia e Paraguai também foram grandes influências nessa cultura, a música paraguaia, por exemplo, com suas polcas, danças e chamames é hoje parte do cotidiano deste povo, assim como a faixa que este ostentam na cintura é feita, normalmente, no Paraguai. A influencia não somente cultural mas também genética da Matriz Antropológica Indígena é evidente e percebida aos olhos nos traços típicos do rosto pantaneiro.
Correntes migratórias internas trouxeram para Mato Grosso do Sul brasileiros de diversas origens, desde gaúchos, vindos ainda no século XIX, até nordestinos, chegados principalmente na década de 1940. Existiram ainda imigrações de europeus, japoneses, libaneses e outros, mas esses chegados tardios, brasileiros ou estrangeiros, já encontraram a cultura e costumes populares estabelecidos, predominando o comportamento e modo de vida local, restou-lhes adaptarem-se ao ambiente.
São costumes marcantes destes homens: o Tereré***, tomado bem gelado nas rodas de amigos; o churrasco assado em lenha de angico, onde é presente um tipo de carne parcialmente seca, chamada carne oreada e a linguiça maracajú****; as provas de laço aos finais de semana; o uso do chapéu de palha de carandá, bombachas, faixa colorida na cintura e jogo de facas colocadas às costas, como indumentária para a lida campeira. É um povo alegre, educado, orgulhoso de seus costumes e, antes de tudo, forte. Enfrenta as forças da natureza, como seca e cheia, tornando-as suas aliadas.
As adversidades naturais deixaram o homem pantaneiro isolado das comodidades modernas por muito tempo, muitas das fazenda que visitamos, a maioria, recebeu a energia elétrica há dez anos apenas, ou seja, já no século XXI. As estradas de acesso também tornaram-se livres das interrupções pelo alagamento nesta mesma época. Antes, apenas os rios e os aviões eram o meio de transporte.
Ouvi de João Júlio, um típico homem pantaneiro, um dito popular, pelo qual muitos desta terra se pautam: “quem guarda o que não presta mais tem sempre o que precisa”. A distancia dos grandes centros e dificuldade de locomoção ensinou-os a usar com parcimônia os recursos disponíveis.
Essas circunstâncias naturais e culturais terminaram por criar uma verdadeira simbiose entre homem e natureza. O pantaneiro desfruta da natureza, tirando dela seu sustento, respeitando-a e preservando-a. Um verdadeiro exemplo de vida para todos nós. Essa hoje tão falada sustentabilidade foi, desde sempre, o pilar pelo qual se ergue esse grande homem brasileiro.
* Fato comentado no artigo Paulistânia Caipira.
** Caipira - palavra de origem indígena que significa: aquele que mora longe.
*** Tereré é uma bebida gelada com erva mate. É usual a erva mate do tereré vir composta com menta e boldo. Esta bebida é também parte da cultura paraguaia.
**** A linguiça maracajú é feita com carne de porco e assada ainda fresca.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Expedição Mato Grosso do Sul
Em 18 de Fevereiro, uma quarta-feira de cinzas, rumamos novamente para o Mato Grosso do Sul, dessa vez com a equipe completa, fotografo e produtor: eu e Marcos Vargas, responsáveis pelo documentário fotográfico, repórter, cinegrafista e sonoplasta do Canal Rural: Cássio, Demétrio e Clóvis, encarregados do documentário para TV dessa emissora.
Fomos recebidos em Campo Grande por Delasnieve Daspet, Marley Sigrist, Edílson Aspet e Nelson Vieira. Em 19/02 a equipe entrevistou Nilde Brun, da Fundação de Turismo, e Américo Calheiros, Secretário de Cultura do Estado. Durante a noite assistimos e registramos uma apresentação do Grupo de Dança Camalote*, que trouxe em sua coreografia danças folclóricas como Catira, Siriri e Ciranda Pantaneira.
O Canal Rural entrevistou a Chefe de Cozinha Dedé que, em parceria com o Chefe Paulo Machado, desenvolveu um projeto de preservação das receitas tradicionais da gastronomia pantaneira, já citado por mim nesse blog.
Recebemos, ainda em Campo Grande, um novo integrante em nosso grupo, Dalfran, que dirigiu a Van, que foi colocada a serviço de nosso projeto pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e que nos levou à Fazenda Cacimba de Pedra, que foi nossa Base de trabalho no Pantanal, até o final da expedição em 28/02.
Nessa etapa o projeto contou ainda com o apoio de um avião, oferecido pelo Governo do Estado, que nos possibilitou captar imagens aéreas, que farão com que os expectadores de nosso trabalho tenham uma idéia melhor da geografia do Estado de Mato Grosso do Sul, além de nos viabilizar a chegada em locais sem acesso por terra, devido ao período de cheia do Pantanal. Ganhamos assim novos companheiros de equipe: Capitão Ênio, Capitão Katiane, Soldado Jardel e, mais tarde, o Tenente Amador. Sob o comando do Capitão Ênio, eram esses os responsáveis por nossas missões aéreas.
Agradecemos a especial atenção que nos dispensou a Coordenadoria de Policiamento Aéreo e seu coordenador geral, Coronel José Tadeu.
Vivemos ótimas experiências juntos e do ar conseguimos visualizar o que em teoria haviam nos passado: que existem diversos e diferentes pantanais, cada qual com seus ciclos de cheia e seca. Enquanto nas Fazendas: Piúva, Cacimba de Pedra, 23 de Março e Santa Cruz o solo estava seco, na Rio Vermelho apenas a casa sede, pista de pouso e algumas poucas elevações estavam fora d’água. Nessa ultima fazenda passamos por uma situação surreal, aos olhos urbanos de muitos, nosso avião encalhou no terreno molhado da pista de pouso, creio que poucos ouviram falar na difícil tarefa que tivemos: desencalhar um avião.
Não bastando isso, fomos levados à sede da fazenda em um barco puxado por mula. Um meio de transporte muito usado pelo pantaneiro, na cheia, pois com apenas um animal pode-se transportar várias pessoas e objetos, seria algo como uma carroça fluvial, ali chamada de “barco chinchado”**.
Nessa situação o gado fica, durante a noite, nas elevações secas e delas sai pelo terreno alagado durante o dia para pastar da vegetação submersa ou com as pontas fora d’água. Os bezerros em amamentação permanecem em terra firme e suas mães retornam do pastoreio, de tempos em tempos, para os amamentar. Predomina nessa paisagem o gado nelore*** e é incrível observar como esse animal se adaptou plenamente a essa situação e passa por esse período adverso com ótima condição de saúde, parecendo ter, essa raça bovina, origem pantaneira.
Sobrevoamos também a Serra do Amolar, um maciço rochoso que se eleva ao norte do Panatanal de Mato Grosso do Sul e que recebeu esse nome por ter em seu solo pedras que se prestam a amolar facas ou ferramentas. Uma paisagem de tirar o fôlego por sua beleza, tanto que nos adiantamos no horário sendo-nos impossível retornar à Fazenda, cuja pista de pouso não dispõe de iluminação noturna.
Pernoitamos em Corumbá e lá conhecemos o trabalho do Instituto Homem Pantaneiro. Seu presidente, Rubens de Souza, nos mostrou um prédio histórico, próximo ao Porto de Corumbá, em restauração pelo Instituto, para ali implantar um novo Espaço Cultural para a cidade. Essa entidade trabalha pela preservação do Pantanal e tem adquirido terras na região, transformando-as em reservas permanentes, uma iniciativa realmente maravilhosa.
Visitamos ainda outro bioma de serra, a Serra da Bodoquena, onde contamos com o apoio da Prefeitura Municipal de Bodoquena e do casal Acylino e Regina, proprietários do Hotel Fazenda do Betione. Visitamos a Fazenda Boca da Onça, onde fomos recebido pelo Roni, que nos levou ao topo e depois ao pé da Cachoeira da Boca de Onça, uma queda d’água de 170 metros. Conhecemos ainda a criação de Guzerá**** dessa fazenda, que dispõe de excelentes matrizes dessa raça.
Acylino e Regina nos hospedaram em sua propriedade, que é cortada por um rio transparente com lindas quedas d’água, destacando-se a Cachoeira do Pedrosian. Nos prepararam uma apresentação do grupo de Folia de Reis local e ainda nos apresentaram aos índios Kadwéu. Essa etnia é chamada popularmente de Índios Cavaleiros, pois, no passado, domesticaram cavalos deixados pelos primeiros espanhóis que visitaram o pantanal, tornando-se exímios cavaleiros, o que provocou mudanças em sua cultura, influindo em todo seu modo de vida.
Os Kadwéu usam calça de couro, especial para montaria, ao invés de tangas e criam cavalos e gado bovino. Esses índios foram aliados do governo imperial brasileiro, por ocasião da Guerra do Paraguai, tendo desempenhado importante papel em nossa vitória nesse conflito, o que motivou a doação de 530 mil hectares de terra, feita por Dom Pedro II, a essa tribo. Desses indígenas registramos a produção de cerâmica e a realização de uma pintura típica, que fazem no corpo de seus cavalos. Sua pintura tem caracteres com simbologia definida e reconhecida por eles, sendo assim uma forma de escrita com ideogramas.
Ainda na Bodoquena, Acylino nos levou ao Sr. Luiz, antigo organizador de comitivas*****, que tem o corpo marcado por diversos acidentes que teve no transporte de gado. Ele nos fez uma demonstração da formação de uma tropa com mais de 60 animais. Esse homem muito bem representa a fibra e coragem do boiadeiro de Mato Grosso do Sul, um homem forte que sobrepuja as forças da natureza tornando-as aliadas.
Terminamos nossa expedição na Fazenda 23 de Março, onde assistimos a uma prova de laço, durante a qual pudemos observar as habilidades dos peões pantaneiros. Também provamos do churrasco tradicional, preparado pelo proprietário João Julio, que nos serviu carne oreada****** e cordeiro, ambos orgânicos, assados à lenha de angico. Essa fazenda, por iniciativa de seu proprietário, cultua as tradições pantaneiras em seu cotidiano e, em breve, será objeto de um artigo nesse blog.
Retornamos do Mato Grosso do Sul com farto material, eu com cerca de 1.500 fotogramas e o pessoal do Canal Rural com 13 horas de gravações. Isso possibilitará o registro da rica cultura desse Estado, numa iniciativa que pretende preservar, valorizar e divulgar o Patrimônio Cultural Imaterial do povo sul-mato-grossense, o que nos será possível graças aos nossos patrocinadores e ao incondicional apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Agradecemos especialmente à Fátima, da Aguas do Pantanal, que foi imprescindível ao sucesso dessa expedição, e a Adélia,Terezinha e Fernando, da Fundaçao de Turismo de Mato Grosso do Sul.
Ao Sr. André Puccinelli, Governador do Estado, ficamos eternamente gratos por sua inestimável ajuda ao projeto Brasil Boiadeiro e apoio à cultura popular local, cuja riqueza de costumes e tradições engrandecem ainda mais nosso Brasil.
* Camalote - nome popular de uma planta aquática flutuante do Pantanal.
** Chinchado - Preso à chincha. Chincha é um tipo de cinta com argolas colocada sobre os arreios dos cavalos, na qual o cavaleiro prende a extremidade final de seu laço ou corda para puxar ou sustentar algo laçado ou preso à outra ponta.
*** Nelore - Raça bovina adaptada ao Brasil, mas de origem indiana, originalmente denominada Ongole.
**** Guzera - Raça bovina adaptada ao Brasil, mas de origem indiana, originalmente denominada Kankregi.
***** Comitivas - Grupo de peões transportando boiadas. As comitivas ainda são frequentes no Pantanal. O gado é tocado numa marcha lenta, podendo este pastar durante o trajeto.
****** Carne Oreada - Tipo de carne salgada e depois seca. Normalmente pendurada em varais ao sereno da noite.
Fomos recebidos em Campo Grande por Delasnieve Daspet, Marley Sigrist, Edílson Aspet e Nelson Vieira. Em 19/02 a equipe entrevistou Nilde Brun, da Fundação de Turismo, e Américo Calheiros, Secretário de Cultura do Estado. Durante a noite assistimos e registramos uma apresentação do Grupo de Dança Camalote*, que trouxe em sua coreografia danças folclóricas como Catira, Siriri e Ciranda Pantaneira.
O Canal Rural entrevistou a Chefe de Cozinha Dedé que, em parceria com o Chefe Paulo Machado, desenvolveu um projeto de preservação das receitas tradicionais da gastronomia pantaneira, já citado por mim nesse blog.
Recebemos, ainda em Campo Grande, um novo integrante em nosso grupo, Dalfran, que dirigiu a Van, que foi colocada a serviço de nosso projeto pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e que nos levou à Fazenda Cacimba de Pedra, que foi nossa Base de trabalho no Pantanal, até o final da expedição em 28/02.
Nessa etapa o projeto contou ainda com o apoio de um avião, oferecido pelo Governo do Estado, que nos possibilitou captar imagens aéreas, que farão com que os expectadores de nosso trabalho tenham uma idéia melhor da geografia do Estado de Mato Grosso do Sul, além de nos viabilizar a chegada em locais sem acesso por terra, devido ao período de cheia do Pantanal. Ganhamos assim novos companheiros de equipe: Capitão Ênio, Capitão Katiane, Soldado Jardel e, mais tarde, o Tenente Amador. Sob o comando do Capitão Ênio, eram esses os responsáveis por nossas missões aéreas.
Agradecemos a especial atenção que nos dispensou a Coordenadoria de Policiamento Aéreo e seu coordenador geral, Coronel José Tadeu.
Vivemos ótimas experiências juntos e do ar conseguimos visualizar o que em teoria haviam nos passado: que existem diversos e diferentes pantanais, cada qual com seus ciclos de cheia e seca. Enquanto nas Fazendas: Piúva, Cacimba de Pedra, 23 de Março e Santa Cruz o solo estava seco, na Rio Vermelho apenas a casa sede, pista de pouso e algumas poucas elevações estavam fora d’água. Nessa ultima fazenda passamos por uma situação surreal, aos olhos urbanos de muitos, nosso avião encalhou no terreno molhado da pista de pouso, creio que poucos ouviram falar na difícil tarefa que tivemos: desencalhar um avião.
Não bastando isso, fomos levados à sede da fazenda em um barco puxado por mula. Um meio de transporte muito usado pelo pantaneiro, na cheia, pois com apenas um animal pode-se transportar várias pessoas e objetos, seria algo como uma carroça fluvial, ali chamada de “barco chinchado”**.
Nessa situação o gado fica, durante a noite, nas elevações secas e delas sai pelo terreno alagado durante o dia para pastar da vegetação submersa ou com as pontas fora d’água. Os bezerros em amamentação permanecem em terra firme e suas mães retornam do pastoreio, de tempos em tempos, para os amamentar. Predomina nessa paisagem o gado nelore*** e é incrível observar como esse animal se adaptou plenamente a essa situação e passa por esse período adverso com ótima condição de saúde, parecendo ter, essa raça bovina, origem pantaneira.
Sobrevoamos também a Serra do Amolar, um maciço rochoso que se eleva ao norte do Panatanal de Mato Grosso do Sul e que recebeu esse nome por ter em seu solo pedras que se prestam a amolar facas ou ferramentas. Uma paisagem de tirar o fôlego por sua beleza, tanto que nos adiantamos no horário sendo-nos impossível retornar à Fazenda, cuja pista de pouso não dispõe de iluminação noturna.
Pernoitamos em Corumbá e lá conhecemos o trabalho do Instituto Homem Pantaneiro. Seu presidente, Rubens de Souza, nos mostrou um prédio histórico, próximo ao Porto de Corumbá, em restauração pelo Instituto, para ali implantar um novo Espaço Cultural para a cidade. Essa entidade trabalha pela preservação do Pantanal e tem adquirido terras na região, transformando-as em reservas permanentes, uma iniciativa realmente maravilhosa.
Visitamos ainda outro bioma de serra, a Serra da Bodoquena, onde contamos com o apoio da Prefeitura Municipal de Bodoquena e do casal Acylino e Regina, proprietários do Hotel Fazenda do Betione. Visitamos a Fazenda Boca da Onça, onde fomos recebido pelo Roni, que nos levou ao topo e depois ao pé da Cachoeira da Boca de Onça, uma queda d’água de 170 metros. Conhecemos ainda a criação de Guzerá**** dessa fazenda, que dispõe de excelentes matrizes dessa raça.
Acylino e Regina nos hospedaram em sua propriedade, que é cortada por um rio transparente com lindas quedas d’água, destacando-se a Cachoeira do Pedrosian. Nos prepararam uma apresentação do grupo de Folia de Reis local e ainda nos apresentaram aos índios Kadwéu. Essa etnia é chamada popularmente de Índios Cavaleiros, pois, no passado, domesticaram cavalos deixados pelos primeiros espanhóis que visitaram o pantanal, tornando-se exímios cavaleiros, o que provocou mudanças em sua cultura, influindo em todo seu modo de vida.
Os Kadwéu usam calça de couro, especial para montaria, ao invés de tangas e criam cavalos e gado bovino. Esses índios foram aliados do governo imperial brasileiro, por ocasião da Guerra do Paraguai, tendo desempenhado importante papel em nossa vitória nesse conflito, o que motivou a doação de 530 mil hectares de terra, feita por Dom Pedro II, a essa tribo. Desses indígenas registramos a produção de cerâmica e a realização de uma pintura típica, que fazem no corpo de seus cavalos. Sua pintura tem caracteres com simbologia definida e reconhecida por eles, sendo assim uma forma de escrita com ideogramas.
Ainda na Bodoquena, Acylino nos levou ao Sr. Luiz, antigo organizador de comitivas*****, que tem o corpo marcado por diversos acidentes que teve no transporte de gado. Ele nos fez uma demonstração da formação de uma tropa com mais de 60 animais. Esse homem muito bem representa a fibra e coragem do boiadeiro de Mato Grosso do Sul, um homem forte que sobrepuja as forças da natureza tornando-as aliadas.
Terminamos nossa expedição na Fazenda 23 de Março, onde assistimos a uma prova de laço, durante a qual pudemos observar as habilidades dos peões pantaneiros. Também provamos do churrasco tradicional, preparado pelo proprietário João Julio, que nos serviu carne oreada****** e cordeiro, ambos orgânicos, assados à lenha de angico. Essa fazenda, por iniciativa de seu proprietário, cultua as tradições pantaneiras em seu cotidiano e, em breve, será objeto de um artigo nesse blog.
Retornamos do Mato Grosso do Sul com farto material, eu com cerca de 1.500 fotogramas e o pessoal do Canal Rural com 13 horas de gravações. Isso possibilitará o registro da rica cultura desse Estado, numa iniciativa que pretende preservar, valorizar e divulgar o Patrimônio Cultural Imaterial do povo sul-mato-grossense, o que nos será possível graças aos nossos patrocinadores e ao incondicional apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Agradecemos especialmente à Fátima, da Aguas do Pantanal, que foi imprescindível ao sucesso dessa expedição, e a Adélia,Terezinha e Fernando, da Fundaçao de Turismo de Mato Grosso do Sul.
Ao Sr. André Puccinelli, Governador do Estado, ficamos eternamente gratos por sua inestimável ajuda ao projeto Brasil Boiadeiro e apoio à cultura popular local, cuja riqueza de costumes e tradições engrandecem ainda mais nosso Brasil.
* Camalote - nome popular de uma planta aquática flutuante do Pantanal.
** Chinchado - Preso à chincha. Chincha é um tipo de cinta com argolas colocada sobre os arreios dos cavalos, na qual o cavaleiro prende a extremidade final de seu laço ou corda para puxar ou sustentar algo laçado ou preso à outra ponta.
*** Nelore - Raça bovina adaptada ao Brasil, mas de origem indiana, originalmente denominada Ongole.
**** Guzera - Raça bovina adaptada ao Brasil, mas de origem indiana, originalmente denominada Kankregi.
***** Comitivas - Grupo de peões transportando boiadas. As comitivas ainda são frequentes no Pantanal. O gado é tocado numa marcha lenta, podendo este pastar durante o trajeto.
****** Carne Oreada - Tipo de carne salgada e depois seca. Normalmente pendurada em varais ao sereno da noite.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Fazenda Santa Cruz
Nosso próximo destino foi a Fazenda Santa Cruz, que nos impressionou pela beleza natural exuberante. Seu proprietário Roberto Dittmar, que na região é conhecido como Beto Pantaneiro, é Engenheiro Agrônomo. Teve muito capricho na formação dessa fazenda, mantendo intacta nela grande parte de suas matas naturais. Preferiu ganhar mais terreno, para expansão de sua atividade de criação e engorda de bovinos, comprando outra propriedade no município de Corumbá, a Fazenda Piúva*.
Também entrou de cabeça no Turismo Rural e, certamente, o fato de ter em sua propriedade uma reserva natural muito bonita lhe proporciona boa freqüência de turistas brasileiros e estrangeiros. Como disse em outros textos aqui publicados, o turismo é uma vocação comercial muito forte nessa região, sendo um bom complemento de renda às atividades agropecuárias das propriedades locais.
Também na Santa Cruz o sistema de criação é extensivo e o pasto é a base da alimentação animal. Nela Beto desenvolve a recria e engorda. A criação de bezerros é feita na Fazenda Piúva . A fazenda conta com o apoio de uma experiente equipe de campeiros***, que utiliza cavalos da raça Pantaneira em sua lida diária.
Na Pousada a família Dittmar trabalha em conjunto. Edna, esposa de Beto, se ocupa da hospedagem e alimentação dos turistas enquanto Helena, filha do casal, desenvolve com estes as atividades externas diárias.
Além das cavalgadas e caminhadas entre a natureza, o turista pode conhecer um pouco da história do Pantanal e da fazenda, que conta inclusive com um pequeno museu. Lá encontrará artefatos e equipamentos usados, no passado, no cotidiano da propriedade. Desde o engenho de açúcar até a zagaia**, podem ser vistos pelos visitantes.
Acessando o endereço eletrônico abaixo poderão conhecer mais detalhes dessa linda propriedade, que muito bem representa a tradicional cultura pantaneira.
http://www.fazendasantacruz.tur.br/entrada-port.htm
*Piúva é, em Mato Grosso do Sul, o nome popular dado ao Ipê.
**Zagaia é a lança usada, nos idos tempos, pelos índios e pantaneiros para abater onças.
***Campeiro é o boiadeiro do Pantanal.
Também entrou de cabeça no Turismo Rural e, certamente, o fato de ter em sua propriedade uma reserva natural muito bonita lhe proporciona boa freqüência de turistas brasileiros e estrangeiros. Como disse em outros textos aqui publicados, o turismo é uma vocação comercial muito forte nessa região, sendo um bom complemento de renda às atividades agropecuárias das propriedades locais.
Também na Santa Cruz o sistema de criação é extensivo e o pasto é a base da alimentação animal. Nela Beto desenvolve a recria e engorda. A criação de bezerros é feita na Fazenda Piúva . A fazenda conta com o apoio de uma experiente equipe de campeiros***, que utiliza cavalos da raça Pantaneira em sua lida diária.
Na Pousada a família Dittmar trabalha em conjunto. Edna, esposa de Beto, se ocupa da hospedagem e alimentação dos turistas enquanto Helena, filha do casal, desenvolve com estes as atividades externas diárias.
Além das cavalgadas e caminhadas entre a natureza, o turista pode conhecer um pouco da história do Pantanal e da fazenda, que conta inclusive com um pequeno museu. Lá encontrará artefatos e equipamentos usados, no passado, no cotidiano da propriedade. Desde o engenho de açúcar até a zagaia**, podem ser vistos pelos visitantes.
Acessando o endereço eletrônico abaixo poderão conhecer mais detalhes dessa linda propriedade, que muito bem representa a tradicional cultura pantaneira.
http://www.fazendasantacruz.tur.br/entrada-port.htm
*Piúva é, em Mato Grosso do Sul, o nome popular dado ao Ipê.
**Zagaia é a lança usada, nos idos tempos, pelos índios e pantaneiros para abater onças.
***Campeiro é o boiadeiro do Pantanal.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Fazenda Cacimba de Pedra
Chegamos ao Pantanal, na cidade de Aquidauana, em quinze de Janeiro. Testemunhamos lá a maior cheia ocorrida nos últimos dez anos, o Rio que cruza a cidade subiu muito acima de seu nível normal, o que fez com que mais de 150 famílias ribeirinhas ficassem desabrigadas. O fenômeno da cheia é cíclico, no Pantanal, e se intercala com um período de seca, sendo cheia no verão e seca no inverno. Entretanto, o ápice das águas ocorre normalmente no mês de fevereiro, o excesso de chuvas, que atinge, nesse ano de 2010, grande porção de nosso país, adiantou um pouco, bem como intensificou, essa estação, que faz parte da vida do homem pantaneiro.
Chegamos, no dia seguinte, à Fazenda Cacimba de Pedra, que desenvolve várias atividades: criação de gado bovino, criação de jacarés e turismo ecológico. Seus proprietários, o casal Rosaura e Gerson, administram a fazenda de perto, com ajuda dos filhos.
Gerson, que é veterinário, nos mostrou seu rebanho e explicou a filosofia de trabalho da fazenda, que na bovinocultura se ocupa da atividade de cria de bezerros da raça nelore. A intenção é interferir o mínimo na natureza; as matrizes são criadas unicamente a pasto, que tem no braquiarão seu principal capim, e são cobertas em seu primeiro cio, reproduzindo o que ocorreria, caso não existisse interferência humana no manejo dos animais. Grande parte da cobertura vegetal natural foi mantida, convivendo o gado com os animais silvestres pantaneiros, inclusive onças, sendo mais comum nessa região a onça parda. Percebe-se que o pasto sobra, e isso se reflete na saúde dos animais, com peso adequado e ótima aparência.
Na lida diária, a fazenda conta com o experiente Agenor, que coordena o serviço dos peões. O temperamento calmo de Agenor parece ter sido transmitido à tropa e ao gado. A lida é tranqüila, sem rompantes de violência e sem cães. As vacas, ao contrário do esperado numa grande fazenda com criação extensiva de nelores, comportam-se muito bem. Em todos os pastos visitados por nossa equipe o gado prontamente se reuniu em torno de Gerson, atendendo ao seu aboio.
A tropa é constituída, em sua maioria, de cavalos da raça Pantaneira, adaptada, pelo tempo de convívio, aos caprichos do Pantanal. É um animal de porte médio, muito resistente, cujos cascos suportam a convivência diária com o terreno alagado e que consegue cerrar as narinas para buscar o capim embaixo d`água, sem que se afogue. Dentre os costumes dessa região, está incluso a formação da tropa, ou seja, ao comando dos peões os animais perfilam-se um ao lado do outro, facilitando a escolha e captura dos que serão encilhados para o trabalho. Uma operação bonita de se ver.
Gerson foi um dos pioneiros na criação de jacarés, ao que se dedica há mais de vinte anos. No início, pretendia colaborar com a perpetuação do jacaré no Pantanal, pois essa espécie estava ameaçada pela ação dos chamados “coreiros”, que caçavam clandestinamente esse animal em grande escala. Entretanto, produtor vivido que é, sabe e prega que nenhuma criação tem continuidade se não gerar lucro ao criador. Com isso em mente, desenvolveu um programa de manejo que permite maior ganho de peso/ano que a média obtida pela maioria dos criadores, o que lhe valeu uma premiação por mérito científico e permitiu que essa atividade se incorporasse definitivamente ao cotidiano da Fazenda.
Graças à criação comercial, o jacaré está, hoje, longe de entrar para a lista de animais ameaçados de extinção. O que terminou praticamente extinta é a figura do coreiro, engolida pela sadia concorrência dos criadores. Um concreto exemplo de que homem e natureza podem muito bem trabalhar juntos, coisa entendida, há muito tempo, pelo pantaneiro.
O Turismo ecológico vem se firmando como atividade paralela à pecuária em muitas fazendas locais. O Hotel Fazenda Cacimba de Pedra acomoda os visitantes em suítes espaçosas, com ar condicionado (indispensável, em razão do calor pantaneiro), frigo bar e outras comodidades, como piscina, TV, etc. O ponto alto do Hotel, além da monumental natureza, é a cozinha típica. Rosaura a administra com eficiência e paixão, suas receitas tradicionais foram inclusive foco da pesquisa do Chefe de Cozinha Paulo Machado, já noticiada em nosso Blog, que resgatou e registrou a original cozinha pantaneira. No fogão, conta Rosaura com a colaboração de Dona Jajá, cuja história de vida se mistura com a história recente do próprio Pantanal. Nascida no Rio Negro, comandou a cozinha da fazenda da família Rondon, onde foi filmada a novela Pantanal. Pratos como: Jacaré com Urucum e Banana, Macarrão Tropeiro, Arroz Carreteiro e outros ícones regionais são servidos diariamente no Hotel. As sobremesas são um capítulo à parte, constituem-se principalmente de doces caseiros, como: doce-de-leite, doce-de-abóbora e doce-de-manga, todos preparados de forma magistral.
Você pode fazer uma visita virtual à fazenda acessando o link abaixo:
www.cacimbadepedra.com.br
Nossa equipe agradece imensamente a atenção de Rosaura e Gerson, duas pessoas apaixonadas pela cultura de seu povo, que muito nos ajudaram na produção dessa etapa de Brasil Boiadeiro.
Da Fazenda Cacimba de Pedra seguimos para a Fazenda Santa Cruz, o que será tema do próximo texto desse Blog.
Chegamos, no dia seguinte, à Fazenda Cacimba de Pedra, que desenvolve várias atividades: criação de gado bovino, criação de jacarés e turismo ecológico. Seus proprietários, o casal Rosaura e Gerson, administram a fazenda de perto, com ajuda dos filhos.
Gerson, que é veterinário, nos mostrou seu rebanho e explicou a filosofia de trabalho da fazenda, que na bovinocultura se ocupa da atividade de cria de bezerros da raça nelore. A intenção é interferir o mínimo na natureza; as matrizes são criadas unicamente a pasto, que tem no braquiarão seu principal capim, e são cobertas em seu primeiro cio, reproduzindo o que ocorreria, caso não existisse interferência humana no manejo dos animais. Grande parte da cobertura vegetal natural foi mantida, convivendo o gado com os animais silvestres pantaneiros, inclusive onças, sendo mais comum nessa região a onça parda. Percebe-se que o pasto sobra, e isso se reflete na saúde dos animais, com peso adequado e ótima aparência.
Na lida diária, a fazenda conta com o experiente Agenor, que coordena o serviço dos peões. O temperamento calmo de Agenor parece ter sido transmitido à tropa e ao gado. A lida é tranqüila, sem rompantes de violência e sem cães. As vacas, ao contrário do esperado numa grande fazenda com criação extensiva de nelores, comportam-se muito bem. Em todos os pastos visitados por nossa equipe o gado prontamente se reuniu em torno de Gerson, atendendo ao seu aboio.
A tropa é constituída, em sua maioria, de cavalos da raça Pantaneira, adaptada, pelo tempo de convívio, aos caprichos do Pantanal. É um animal de porte médio, muito resistente, cujos cascos suportam a convivência diária com o terreno alagado e que consegue cerrar as narinas para buscar o capim embaixo d`água, sem que se afogue. Dentre os costumes dessa região, está incluso a formação da tropa, ou seja, ao comando dos peões os animais perfilam-se um ao lado do outro, facilitando a escolha e captura dos que serão encilhados para o trabalho. Uma operação bonita de se ver.
Gerson foi um dos pioneiros na criação de jacarés, ao que se dedica há mais de vinte anos. No início, pretendia colaborar com a perpetuação do jacaré no Pantanal, pois essa espécie estava ameaçada pela ação dos chamados “coreiros”, que caçavam clandestinamente esse animal em grande escala. Entretanto, produtor vivido que é, sabe e prega que nenhuma criação tem continuidade se não gerar lucro ao criador. Com isso em mente, desenvolveu um programa de manejo que permite maior ganho de peso/ano que a média obtida pela maioria dos criadores, o que lhe valeu uma premiação por mérito científico e permitiu que essa atividade se incorporasse definitivamente ao cotidiano da Fazenda.
Graças à criação comercial, o jacaré está, hoje, longe de entrar para a lista de animais ameaçados de extinção. O que terminou praticamente extinta é a figura do coreiro, engolida pela sadia concorrência dos criadores. Um concreto exemplo de que homem e natureza podem muito bem trabalhar juntos, coisa entendida, há muito tempo, pelo pantaneiro.
O Turismo ecológico vem se firmando como atividade paralela à pecuária em muitas fazendas locais. O Hotel Fazenda Cacimba de Pedra acomoda os visitantes em suítes espaçosas, com ar condicionado (indispensável, em razão do calor pantaneiro), frigo bar e outras comodidades, como piscina, TV, etc. O ponto alto do Hotel, além da monumental natureza, é a cozinha típica. Rosaura a administra com eficiência e paixão, suas receitas tradicionais foram inclusive foco da pesquisa do Chefe de Cozinha Paulo Machado, já noticiada em nosso Blog, que resgatou e registrou a original cozinha pantaneira. No fogão, conta Rosaura com a colaboração de Dona Jajá, cuja história de vida se mistura com a história recente do próprio Pantanal. Nascida no Rio Negro, comandou a cozinha da fazenda da família Rondon, onde foi filmada a novela Pantanal. Pratos como: Jacaré com Urucum e Banana, Macarrão Tropeiro, Arroz Carreteiro e outros ícones regionais são servidos diariamente no Hotel. As sobremesas são um capítulo à parte, constituem-se principalmente de doces caseiros, como: doce-de-leite, doce-de-abóbora e doce-de-manga, todos preparados de forma magistral.
Você pode fazer uma visita virtual à fazenda acessando o link abaixo:
www.cacimbadepedra.com.br
Nossa equipe agradece imensamente a atenção de Rosaura e Gerson, duas pessoas apaixonadas pela cultura de seu povo, que muito nos ajudaram na produção dessa etapa de Brasil Boiadeiro.
Da Fazenda Cacimba de Pedra seguimos para a Fazenda Santa Cruz, o que será tema do próximo texto desse Blog.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Reunião em Campo Grande
Ontem, nossa equipe novamente se reuniu com o Secretário Estadual de Cultura, Dr. Américo Calheiros, que nos apresentou a Adélia Resende, da Fundação de Turismo Mato Grosso do Sul, e a Sra. Lusiane Queiroz, responsável pela Fundação de Turismo de Aquidauana, que será nossa anfitriã nessa cidade, onde desenvolveremos mais uma etapa do nosso documentário fotográfico.
Agradecemos o apoio da Secretaria Estadual de Cultura e da Fundação de Turismo de Aquidauana, cuja participação em Brasil Boiadeiro certamente enriquecera seu conteúdo com importantes nuances da cultura do Estado do Mato Grosso do Sul e de seu Pantanal.
Também participaram da reunião a pesquisadora Marlei Sigrist, que será a responsável pelos textos do documentário no capitulo Pantanal, a escritora Delasnieve Daspet, cujos poemas pontuarão este mesmo capítulo, além da artista plástica Lúcia Barbosa e do Chef Paulo, que nos apresentou em primeira mão o vídeo documentário que realizou sobre a gastronomia pantaneira.
Agradecemos o apoio da Secretaria Estadual de Cultura e da Fundação de Turismo de Aquidauana, cuja participação em Brasil Boiadeiro certamente enriquecera seu conteúdo com importantes nuances da cultura do Estado do Mato Grosso do Sul e de seu Pantanal.
Também participaram da reunião a pesquisadora Marlei Sigrist, que será a responsável pelos textos do documentário no capitulo Pantanal, a escritora Delasnieve Daspet, cujos poemas pontuarão este mesmo capítulo, além da artista plástica Lúcia Barbosa e do Chef Paulo, que nos apresentou em primeira mão o vídeo documentário que realizou sobre a gastronomia pantaneira.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Cozinha Pantaneira
Hoje, tive o prazer de poder registrar, através de minha fotografia, o trabalho do Chefe de Cozinha Paulo Machado que, além de se dedicar ao ensino da gastronomia, desenvolve um trabalho de pesquisa e preservação das tradições e receitas pantaneiras, com apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através de recursos do FIC- Fundo de Investimentos Culturais de MS.
Paulo nos auxiliou muito, na preparação de nossa expedição, fornecendo-nos um roteiro da gastronomia pantaneira, o que tentaremos captar em nossa viajem a Miranda e Aquidauana, locais para os quais partiremos amanhã.
Vocês podem conhecer um pouco mais de seu trabalho através do seguinte endereço eletrônico:
www.chefpaulo.zip.net
Ainda o podem seguir no Twiter:
www.twiter.com/Chef_Paulo
Paulo nos auxiliou muito, na preparação de nossa expedição, fornecendo-nos um roteiro da gastronomia pantaneira, o que tentaremos captar em nossa viajem a Miranda e Aquidauana, locais para os quais partiremos amanhã.
Vocês podem conhecer um pouco mais de seu trabalho através do seguinte endereço eletrônico:
www.chefpaulo.zip.net
Ainda o podem seguir no Twiter:
www.twiter.com/Chef_Paulo
Campo Grande
Nossa Expedição se encontra, hoje, em Campo Grande-MS, aonde fomos muito bem recebidos pelas autoridades locais, responsáveis pela preservação da cultura popular, por sinal riquíssima, desse Estado brasileiro que tem dimensões maiores do que muitos países europeus e que abriga grande parte do nosso Pantanal, um dos biomas mais complexos e rico em espécies animais e vegetais do mundo.
Nossa anfitriã, Delasnieve Daspet, grande poetisa dessa linda terra, nos apresentou a pessoas que dedicam suas vidas à cultura, como a Professora Marlei Sigrist, autora do Livro Chão Batido, mais completo registro das tradições e do folclore do Mato Grosso do Sul, o Chefe de Cozinha Paulo Machado, que realiza um importante projeto de resgate das tradições culinárias pantaneiras, o Gerente do FIC, Edilson Aspet e o Secretário Estadual de Cultura, Dr. Américo Calheiros.
A partir do conhecimento acumulado por essas pessoas, que gentilmente se dispuseram a nos ajudar, é que nosso Produtor Marcos Vargas elaborará o roteiro do documentário fotográfico que aqui realizaremos.
Em breve colocarei neste Blog mais notícias de nossa estada no Pantanal, agora com imagens de seu making off registradas por nosso Produtor.
Nossa anfitriã, Delasnieve Daspet, grande poetisa dessa linda terra, nos apresentou a pessoas que dedicam suas vidas à cultura, como a Professora Marlei Sigrist, autora do Livro Chão Batido, mais completo registro das tradições e do folclore do Mato Grosso do Sul, o Chefe de Cozinha Paulo Machado, que realiza um importante projeto de resgate das tradições culinárias pantaneiras, o Gerente do FIC, Edilson Aspet e o Secretário Estadual de Cultura, Dr. Américo Calheiros.
A partir do conhecimento acumulado por essas pessoas, que gentilmente se dispuseram a nos ajudar, é que nosso Produtor Marcos Vargas elaborará o roteiro do documentário fotográfico que aqui realizaremos.
Em breve colocarei neste Blog mais notícias de nossa estada no Pantanal, agora com imagens de seu making off registradas por nosso Produtor.
Assinar:
Postagens (Atom)